quarta-feira, 22 de outubro de 2008

AgeTEC entrevista: Josimey Costa

Foto: Lúcio Luiz
A TV Universitária apóia o projeto da Televisão Experimental em Comunicação (TEC). Em entrevista à AgeTEC, Josimey Costa, superitendente de comunicação da UFRN fala sobre a parceria da TVU com o Departamento de Comunicação e a importancia de projetos como o da TEC para a formação dos futuros jornalistas e radialistas.

O que motivou a TV Universitária a abrir sua grade de programação para a exibição do Estúdio Livre?
Todos os anos a gente faz essa parceria com o Departamento de Comunicação. Nossa televisão não é uma televisão experimental é uma televisão profissional, um canal aberto recebido pela população em geral. Mas nós temos um espaço para o experimentalismo, que de fato é representado tanto por um trabalho como esse que os estudantes de comunicação fazem como também por todos os outros do restante da comunidade, como é o caso do programa Olhar Independente que é um programa para a produção audiovisual independente do estado. Com participação inclusive os próprios alunos de comunicação de outras faculdades e de produtores e idealizadores das fundações profissionais independentes.

O Estúdio Livre apresenta informação e entretenimento numa linguagem simples. Falta esse tipo de perspectiva na TV aberta brasileira?
A televisão brasileira concentra a sua programação para o público infantil e para o público adulto, o público jovem fica desassistido pela emissoras comerciais. Quem cuida desse público são as emissoras educativas e a MTV. Você tem na TV Cultura e na TV Brasil uma programação específica para jovens, nós temos aqui na TV universitária, na programação local, o Olhar Independente que é um programa que fala a linguagem dos jovens porque fala uma linguagem audiovisual. Ele é o nosso único programa mais voltado para a juventude, mas nós estamos agora na próxima semana indo para o seminário do Ministério da Cultura que pretende lançar editais de incentivo a produção audiovisual para jovens.

O que um programa de TV precisa para ser considerado de qualidade?
Ele precisa ter uma proposta clara, uma equipe de produção e realização tanto profissional como comprometida com os objetivos do programa e da emissora, precisa ter um conteúdo que seja não só importante e significativo, mas do ponto de vista humano que ele tenha um valor crítico, de promoção da pessoa humana. Se esse programa tiver tudo isso somado a um formato condizente com tudo isso, com certeza será um programa de qualidade.

O programa é fruto de um projeto de Televisão Experimental em Comunicação do Departamento de Comunicação da UFRN. Qual a importância dele para a formação dos alunos dos cursos de Jornalismo e Rádio e TV?
É importante porque a prática vem da formação, e toda formação humana deve ser composta das duas vertentes: a teórica e a prática. Teoria sem a prática não tem valor, a prática sem a teoria não tem valor. É claro que sempre que você faz um pouco de teoria, para você entende-la, você traz uma memória da prática que você já fez. Quando você faz prática, você precisa de um mínimo de teoria se não você não consegue executar ação nenhuma. Mas uma universidade tem a obrigação de elevar os níveis de teoria e os níveis da prática a um patamar superior, é por isso que são instituições de ensino superior, então tem que ter mais prática e mais teoria. Nesse sentido a TEC é muito importante, assim como o estágio que os alunos de comunicação desenvolvem aqui. São 45 estudantes de comunicação desenvolvendo estágio na superintendência de comunicação, na TV, na rádio e na agência de comunicação.

Qual a sua opinião sobre a programação da TV aberta no Brasil? O que precisa ser feito para aumentar a qualidade dessa programação?
Alguns programas ou alguns gêneros não são muito interessantes nem para o público nem para a programação que pretendemos desenvolver. O formato é importante na comunicação. É por isso que a gente faz Comunicação Social, porque a forma tem que estar adequada a aquele conteúdo se não você não comunica. Então quando eu falo em interessante é formato e conteúdo também, inserção na programação, no horário, a abrangência do público, quantas pessoas assistem, se aquele público é o público adequado para aquela programação. Programas que não são interessantes são programas que apelam para o sensacionalismo, espetacularização das mazelas humanas, os programas policiais que desrespeitam as pessoas, especialmente na TV Local. Acho ruim o uso que se faz dos veículos com o objetivo de atender a interesses particulares, políticos e partidários, a exploração que os telejornais fazem das tragédias, isso é ruim para a qualidade da programação como um todo. A qualidade técnica da televisão no Brasil excelente e inquestionável, do ponto de vista do conteúdo nós podemos melhorar, ter uma pluralidade maior, uma diversidade maior de representação cultural na televisão brasileira e é isso o que estamos conseguindo aqui.


Ana Caroline Carvalho - AgeTEC